Bem-vindo ao blog do Laboratório de Bioinformática Estrutural (LaBiE) da ULBRA

Laboratório vinculado ao Curso de Química e ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Toxicologia Aplicada (PPGGTA) da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
Localização:
Av. Farroupilha, 8001 - Prédio 01, Sala 122 - Bairro São José, Canoas/RS
CEP: 92425-900 - Tel: +55(51)34774000 ext 2774

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Genética do envelhecimento

Agência FAPESP – Cientistas europeus anunciaram a descoberta de mutações genéticas associadas com o envelhecimento em humanos. O grupo analisou mais de 500 mil variações genéticas espalhadas pelo genoma para identificar as mutações, que se encontram próximas ao gene chamado Terc.

A novidade foi publicada na revista Nature Genetics. Nilesh Samani, professor de cardiologia da Universidade de Leicester, no Reino Unidos, um dos coordenadores da pesquisa, explica que há duas formas de envelhecimento.

A primeira é o envelhecimento cronológico, isto é, a quantidade de anos vividos, e a segunda é o biológico, no qual as células de um indivíduo são mais novas (ou mais velhas) do que sugere a idade real.

“Há cada vez mais evidências de que o risco de doenças associadas à idade, entre as quais problemas no coração e alguns tipos de câncer, está mais intimamente ligada à idade biológica do que à idade cronológica”, disse Samani.

“Estudamos estruturas chamadas telômeros, que são partes do cromossomo. Indivíduos nascem com telômeros de determinado comprimento e em muitas células eles encolhem à medida que envelhecem e que as células se dividem. O comprimento do telômero é, por conta disso, considerado um marcador do envelhecimento biológico”, explicou.

O grupo de cientistas observou que as pessoas com variantes genéticas específicas tinham telômeros mais curtos e eram biologicamente mais velhas.

“Dada a associação entre telômeros mais curtos com doenças relacionadas à idade, os resultados da pesquisa levantam questões sobre se tais indivíduos que têm uma determinada variante têm risco mais elevado de desenvolver tais doenças”, apontou Samani.

As mutações identificadas estão próximas ao gene Terc, que já se sabia ter uma papel importante na manutenção do comprimento dos telômeros. “O que nosso estudo sugere é que algumas pessoas são geneticamente programadas para envelhecer mais rapidamente”, disse Tim Spector, professor do King's College London e coordenador da pesquisa.

“Esse efeito se mostrou mais acentuado nos indivíduos com as variantes, que apresentaram o equivalente a três ou quatro anos de envelhecimento biológico conforme medido pela perda no comprimento dos telômeros. Essas pessoas podem envelhecer ainda mais rapidamente quando expostas a situações que se mostraram prejudiciais aos telômeros, como fumo, obesidade ou falta de exercícios físicos”, disse.

O artigo Common variants near TERC are associated with mean telomere length (DOI:10.1038/ng.532), de Nilesh Samani e outros, pode ser lido por assinantes da Nature Genetics em www.nature.com/naturegenetics.

Anticorpos nacionais

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Uma importante dificuldade dos pesquisadores brasileiros, especialmente na área de biotecnologia, é obter anticorpos para o desenvolvimento de estudos. A maior parte dos anticorpos – usados principalmente como ferramenta em diagnósticos no estudo de proteínas – é adquirida por meio de importação.

Além dos valores elevados, a importação de anticorpos atrasa pesquisas e algumas vezes até mesmo as inviabiliza, quando chegam com validade já vencida. Diante dessa carência, um grupo de pesquisadores fundou, em 2008, a Rheabiotech, empresa ligada à Incubadora de Empresas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com a proposta de produzir anticorpos em escala comercial.

De acordo com Fernanda Alvarez Rojas, sócia fundadora da Rheabiotech, a ideia de abrir uma empresa nessa área surgiu diante das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento de suas próprias pesquisas.

“No meu caso, muitas vezes os anticorpos importados chegavam com validade vencida. O prazo de entrega dificilmente é cumprido. Para evitar isso, alguns pesquisadores brasileiros produzem seus próprios anticorpos, mas esses casos são raros”, disse à Agência FAPESP .

Fernanda é doutora em clínica médica e realizou os estudos de mestrado, doutorado e pós-doutorado na Unicamp. Coordenou o projeto “Produção de anticorpos policlonais”, que recebeu apoio da FAPESP por meio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

A Rheabiotech nasceu como um braço da Imuny Biotechnology, fundada pelo mesmo grupo em 2004. “Por uma questão de câmbio societário, a Imuny acabou se tornando uma empresa unicamente comercial. A Rheabiotech produz insumos de laboratório para pesquisa, com uma linha de desenvolvimento, fazendo uma ponte entre pesquisa e mercado”, explicou.

Fernando destaca, além dos colegas envolvidos, a participação do seu orientador de pós-doutorado, Lício AugustoVelloso, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que atualmente coordena o Projeto Temático “Inflamação e resposta imune em obesidade”, apoiado pela FAPESP.

“Eu conhecia a tecnologia para a produção de anticorpos e, com o apoio de meu orientador, surgiu a ideia de produzir os anticorpos, não apenas para meus estudos como também para os de outros pesquisadores, uma vez que se trata de uma carência geral”, disse.

Com sede na cidade de Paulínia (SP), a Rheabiotech atua em três linhas de negócio, envolvendo parcerias com universidades e empresas no país e em outros na América Latina. Além da produção de insumos de biotecnologia para a área de pesquisa (anticorpos e proteínas), a empresa produz kits de diagnósticos para o setor agrícola e para área de saúde humana.

“Temos uma lista de cerca de 300 anticorpos. O nosso maior foco na área de insumos é a substituição da importação. Oferecemos preço, prazo e atuação pós-venda. Outro ponto é que realizamos trabalhos sob encomenda”, disse.

Os anticorpos são uma importante ferramenta para identificar e neutralizar corpos estranhos como bactérias, vírus ou células tumorais. O estudo de suas funções, por exemplo, permite investigar os mecanismos de várias doenças.

“No caso de biotecnologia aplicada à agricultura, o anticorpo é uma importante ferramenta para estudo de proteínas e detecção dos fitopatógenos. Por meio do estudo de cada um destes organismos, podemos gerar um anticorpo específico”, disse Fernanda.

Na área agrícola, a Rheabiotech produz anticorpos específicos para algumas doenças como a ferrugem asiática da soja, provocado pelo fungo Phakopsora pachyr hizi. O kit, chamado de Soja Detecta, permite identificar a presença da doença com até cinco dias de antecedência ao aparecimento e visualização das pústulas pelo método tradicional da lupa.

“A rápida detecção da infecção facilita a tomada de decisões sobre o manejo da cultura, e garante uma aplicação de fungicidas eficiente, correta e em menor frequência, evitando o comprometimento da plantação e a disseminação dos esporos para outras áreas não afetadas. O sistema permite a análise simultânea de 20 a 50 amostras de folha de soja”, explicou Fernanda.

Outro kit desenvolvido pela empresa diagnostica a morte-súbita de citros, um grave problema que atinge as plantações de laranja em São Paulo e Minas Gerais. A empresa também desenvolveu kits para os vírus PVX (potato virus X) e PVY (potato virus Y), que atacam a batata. O desenvolvimento dos kits para a área agrícola é o foco do projeto atual, sob coordenação de Luís Antonio Peroni, sócio de Fernanda na empresa.

Diagnóstico de doenças

Além da disponibilidade maior, outra vantagem dos produtos nacionais é o preço. Segundo Fernanda, nos kits para doenças na soja, por exemplo, cada tira importada (um kit contém 50 tiras) custa US$ 7, em média, fora a taxa de importação, e o produto nacional sai por R$ 2,50.

“O fato de trabalhar sobre encomenda promove uma vantagem local porque podemos nos adequar às necessidades de cada pesquisador, e não depender da produção estrangeira”, apontou.

Na área de saúde humana, a Rheabiotech desenvolve kits para o diagnóstico e prognóstico de várias doenças autoimunes (como artrites, esclerose múltipla e doença celíaca) a partir da interleucina 6, uma proteína tradicionalmente associada ao controle e à coordenação das respostas imunológicas.

Entre os clientes da Rheabiotech estão a própria Unicamp, alguns institutos e faculdades da Universidade de São Paulo e outras universidades e empresas.

Mais informações: www.rheabiotech.com.br, comercial@rheabiotech.com.br ou (19) 3249‐1222

Universidade norte-americana e Embrapa farão pesquisas na área de fitoterápicos

Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, firma convênio com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

O desenvolvimento de fitoterápicos (remédios preparados a partir de plantas medicinais) obtidos nas reservas naturais da Caatinga e do Cerrado, e também de biopesticidas para a agricultura orgânica, é uma das metas do convênio firmado entre a Universidade do Mississipi (EUA) e a Embrapa.

Pesquisadores da instituição norte-americana iniciaram nesta segunda-feira, dia 22/2, na Embrapa Agroindústria Tropical, do Ceará, um debate sobre as ações que serão desenvolvidas.

Além da troca de experiências e do treinamento de pessoal, o convênio, que se estende até 2013, visa ao desenvolvimento de pesquisas conjuntas relativas à padronização das matérias-primas, informou à Agência Brasil o pesquisador Flávio Pimentel, da Embrapa Agroindústria Tropical, coordenadora das ações no Brasil.

Com a ampliação da base de conhecimentos para a produção de fitoterápicos, a expectativa é elevar a qualidade desses produtos no Brasil e, em consequência, sua segurança.

"Ampliar a qualidade e a padronização, porque há muitos produtos que têm o mesmo nome e composições químicas diferentes e são vendidos à população como uma espécie medicinal e, muitas vezes, não se trata da mesma espécie que tem aquele efeito farmacológico. Então, um dos objetivos dessa cooperação é a padronização: definir parâmetros de identificação dessas espécies para que a população não compre gato por lebre".

A padronização e o aumento da qualidade poderão levar à redução do custo de várias terapias usadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Pimentel destacou que existe uma lista extensa de plantas medicinais no SUS, envolvendo mais de 40 fitoterápicos. Ele lamentou, porém, que apenas uma pequena parcela - "quatro no máximo" - seja produzida em escala comercial e tenha patente.

"Porque não foi desenvolvido sistema de produção, existe problema de padronização da matéria-prima para que a indústria possa utilizar essas plantas para produção de fitoterápicos. Esse é um dos objetivos do trabalho".

O pesquisador esclareceu que o uso de produtos sem qualidade ou padrão pode ter efeitos tóxicos para a população. "Com certeza. Muitas espécies vendidas legalmente no país como fitoterápicos usam matérias-primas importadas, porque as nacionais não têm uma padronização. Não têm uma produção confiável, nem uma padronização da matéria-prima. Aí, as indústrias não absorvem essa matéria-prima".

A partir do convênio, a expectativa é de diminuir a importação, com o aproveitamento da biodiversidade brasileira, com foco principalmente nas plantas que já estão na lista do SUS.

Os pesquisadores da Universidade do Mississipi e da Embrapa Agroindústria Tropical estarão reunidos até quinta-feira, dia 25, discutindo o projeto e definindo as ações que serão executadas. Pimentel disse que a ideia é que essas ações sejam iniciadas sem demora, tendo em vista o custo estimado do convênio, da ordem de US$ 2 milhões. Participam também outras duas unidades da empresa: a Embrapa Meio Ambiente (SP) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF).

(Alana Gandra)

(Agência Brasil, 23/2)